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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

AUTISMO



                                                            AUTISMO


Do ponto de vista histórico, em 1908, Eugene Bleuler, psiquiatra suíço, usa pela primeira vez o termo “autismo” para descrever um grupo de sintomas que relacionaria à esquizofrenia. A palavra tem raízes no grego “autos” (eu).
A partir do último Manual de Saúde Mental – DSM-5, um guia de classificação diagnóstica, todas as formas de distúrbios do autismo fundiram-se num único diagnóstico chamadas Transtorno do Espectro Autista (TEA).



                                             



1.    CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS:

O TEA é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento.
Num primeiro momento, as características mais marcantes são a dificuldade na comunicação social (visual e através da linguagem falada > pode haver um atraso de linguagem) e um conjunto de movimentos repetitivos realizados sem uma finalidade específica (isso chama-se estereotipia).
Embora todos as pessoas com TEA tenham esse comportamento, haverá uma variação na manifestação – na intensidade dessas características (daí a inserção no espectro), que podem ser óbvias desde o início ou mais leves, que vão despertando a percepção dos pais ou escola, gradativamente.

Assim, os déficits mais significativos para prestarmos atenção são:
·         Déficit expressivo de comunicação verbal (atraso de linguagem) e não-verbal (não fixação de olhar), o que atrapalha a interação social;
·         Dificuldade de manter relação de amizade compatíveis com sua idade de desenvolvimento;
·         Excessivo apego a determinada rotina no dia-dia, onde padrões de comportamento devem ser realizados como num ritual;
·         Interesses restritos, fixos e intensos (matemática, música, animais, etc).

Com o passar do tempo as manifestações e/ou dificuldades começam a surgir, como a dificuldade de aprendizagem, seja no âmbito escolar ou mesmo nas atividades habituais do dia-dia, como por exemplo, tomar um banho ou escolher uma roupa para vestir-se. Essa variação de déficit de aprendizado dependerá da “localização” da pessoa dentro do espectro.
O paciente com TEA pode estar vinculado a um grau de deficiência intelectual, dificuldade de coordenação motora e de atenção. Pode apresentar associação com a Síndrome de  Déficit de Atenção e Hiperatividade, dislexia e, já durante a adolescência um quadro de ansiedade e depressão.
Podem apresentar particularidades, como terem alguma forma de sensibilidade sensorial mais desenvolvida dentre os cinco sentidos (visão, tato, paladar, olfato e audição).
As mais chamativas, em regra, são relacionadas ao olfato > alguns “cheiros” incomodam e limitam o acesso ao ambiente e audição.
Em relação à audição, por exemplo, um autista pode considerar um som de fundo, mal percebido por outras pessoas, extremamente barulhento, causando agitação, ansiedade e até dor física.
Outro ponto interesse de se notar, é que alguns autistas são subsensíveis, não se incomodando com dores mais intensas, nem com extremos de temperatura > não sentirem frio ou não se incomodarem com o calor.

Vale ressaltar que o autismo é uma condição permanente, a criança nasce com autismo e torna-se um adulto com autismo e, como qualquer indivíduo, o autista é uma pessoa única e todas podem aprender.


2.    CAUSAS:

As causas que provocam o autismo ou TEA são desconhecidas.
Relaciona-se a causas genéticas e fatores ambientais.
Um grande estudo realizado na Suécia e publicado na revista científica médica JAMA (The Journal of The American Medical Association), analisou mais de dois milhões de crianças e concluiu que, em apenas 50% dos casos a hereditariedade explica o risco de desenvolver autismo.
O restante teria relação com fatores ambientais individuais e independentes como complicações no parto, desequilíbrios metabólicos, exposição a exposição químicas tóxicas durante a gravidez, stress e infecções.
Outra informação importante, apesar das inúmeras pesquisas não há comprovação definitiva da relação entre vacinação e autismo.


3.    DIAGNÓSTICO:

O diagnóstico do autismo é basicamente clínico, ou seja, não se confirma o autismo realizando exames, nem de imagem, como tomografia ou ressonância, nem exames de sangue (laboratoriais).
O diagnóstico vai se basear na avaliação comportamental direta da criança por um Neuropediatra ou por um Psiquiatra Infantil e de uma entrevista realizada com os pais ou responsáveis pela criança.
Extremamente importante observar o comportamento da criança nos dois primeiros anos, se ela demonstra mais interesse em objetos do que nas pessoas, se não reagem a brincadeiras provocativas dos pais, o retardo da fala e a falta de fixação do olhar quando estimulado.
Dessa forma, o diagnóstico pode ser feito até os 3 anos de idade com maior segurança, o que facilitará a abordagem para tratamento.
O diagnóstico precoce contribuirá muito com os resultados dos tratamentos propostos.


4.    INCIDÊNCIA:

Os meninos são 5 vezes mais acometidos que as meninas, mas as meninas quando acometidas tem maior risco de epilepsia.


5.    ESTATÍSTICAS DO AUTISMO:

Ø  25 a 40% dos casos são NÃO-VERBAIS;
Ø  25% dos casos pode ter um retrocesso marcante na linguagem JÁ ADQUIRIDA;
Ø  40% dos casos tem déficit intelectual;
Ø  35 a 40% dos casos tem epilepsia;
Ø  70% dos casos tem perturbação do sono;
Ø  25 a 50% dos casos tem Transtorno do Humor e Ansiedade;
Ø  Até 40% das crianças com TEA podem ter medos e fobias
Ø  15% dos casos tem alguma Síndrome Genética associada;
Ø  Em geral, falta destreza para o esporte;
Ø  Dificuldade para atravessar a rua  -  precisa de muito treinamento.
Ø  Prejuízo de atenção compartilhada ( triangulações )  -  merece intervenção comportamental;
Ø  Baixa coerência central ( tendência ao apego aos detalhes sem contextualizar o global )  - merece intervenção comportamental.
Ø  Maior tendência a enxaquecas, processos alérgicos e asma;
Ø  Pouca reação a dor.


6.    TRATAMENTO:

Não há cura conhecida para o autismo.
O tratamento é baseado na intervenção comportamental direcionado às necessidades individuais de cada paciente.
Características essenciais de intervenções efetivas para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA):
·          Iniciar os programas de intervenção o mais breve possível;
·         Inicialmente, tratamento intensivo, 5 dias por semana, por no mínimo 5 horas por dia;
·          Suficiente atenção adulta, individualizada e diária;
·         Inclusão de um componente familiar, incluindo treinamento para os pais.
·         Mecanismos para avaliação contínua, com ajustes correspondentes na programação.

O tratamento farmacológico (uso de medicação)no TEA é empregado para tratar sintomas específicos  e para controlar sintomas-alvos associados, como a insônia, hiperatividade, impulsividade, irritabilidade, auto e hetero-agressões , falta de atenção, ansiedade, depressão, sintomas obsessivos, raivas, ataques de cólera, comportamentos repetitivos ou rituais e não para tratar o autismo propriamente dito.



7.    LEGISLAÇÃO:


                           




8.    DESTAQUES FINAIS:

Atualmente ocorre uma questão peculiar nos pacientes adultos:
A maioria dos adultos NÃO SABE que é autista, embora 1 em cada 5 adultos, principalmente homens, fazem algum tipo de acompanhamento psiquiátrico, por algum motivo e, via de regra, ninguém sabe que esse indivíduo é autista.

                       




As pessoas com TEA podem se destacar em habilidades visuais, música, arte e matemática e gosto por temas específicos, como por exemplo, animais.
Ainda:
·         A maioria das pessoas com autismo é boa em aprender visualmente;
·         Algumas pessoas com autismo são muito atentas aos detalhes e à exatidão;
·         Geralmente possuem capacidade de memória muito acima da média;
·         É provável que as informações, rotinas ou processos uma vez aprendidos, sejam retidos;
·         Algumas pessoas conseguem concentrar-se na sua área de interesse especifico durante muito tempo e podem optar por estudar ou trabalhar em áreas afins;
·         A paixão pela rotina pode ser fator favorável na execução de um trabalho;
·         Indivíduos com autismo são funcionários leais e de confiança.

Por fim, são amáveis, carinhosos, companheiros e acima de tudo trazem com eles uma enorme capacidade de proporcionar aos pais , que os tiveram, a ímpar oportunidade de se tornarem pessoas melhores, de se tornarem pessoas mais pacientes, de se tornarem pessoas menos egoístas e mais disponíveis. Eles trazem o melhor deles ...
Anjos que são ...





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