MICROCEFALIA é uma condição neurológica rara em que o cérebro
não se desenvolve de maneira adequada dentro da caixa craniana.
O crânio do bebê é formado por um conjunto de ossos
flexíveis, que não estão completamente soldados entre si no momento do
nascimento, ou seja, existe um espaçamento que é natural entres eles.
Essa falta de junção entre os ossos do crânio é
fundamental para facilitar a passagem do bebê pelo canal do parto e garantir um
espaço necessário para que o cérebro cresça e se desenvolva durante a gestação
e nos dois primeiros anos de vida.
Dessa
forma, a microcefalia ocorre quando os ossos do crânio se fundem prematuramente
e não deixam espaço para que o cérebro cresça de uma maneira normal.
A
alteração pode ser congênita ou secundária, ou seja, manifestar-se após
o nascimento associada a outros fatores de risco.
CAUSAS:
Ø
Microcefalia verdadeira ou
primária, a
má-formação tem causa genética hereditária e é identificável logo ao nascer.
Para manifestar o transtorno, a criança precisa herdar uma cópia do gene
defeituoso do pai e outra da mãe, que não manifestam a doença. A microcefalia
primária pode estar correlacionada com várias síndromes genéticas e anomalias
cromossômicas.
Ø
Microcefalia por craniossinostese
(a junção indevida dos ossos), pode afetar o feto dentro do útero,
especialmente nos três primeiros meses de gestação, ou depois do parto, nos
dois primeiros anos de vida da criança, quando o cérebro ainda está em
acelerado processo de formação.
São consideradas causas
secundárias da microcefalia por craniossinostese:
a)
consumo
de cigarro, álcool e outras drogas ou de alguns medicamentos;
b)
doenças
infecciosas (rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, varicela, herpes zóster, ZIKA VÍRUS);
c)
fenilcetonúria
materna não controlada;
d)
intoxicação por metilmercúrio;
e)
exposição à radiação;
f)
desnutrição
materna;
g)
má-formação
da placenta;
h)
traumatismo
cranioencefálico;
i)
hipóxia
grave (falta de oxigenação nos tecido e no sangue) na hora do parto.
SINAIS
E SINTOMAS:
O sinal
mais evidente da microcefalia é o tamanho da cabeça, que é menor do que a
cabeça de outras crianças quando comparadas em relação ao mesmo sexo e idade.
Atualmente
essas crianças apresentam perímetro craniano menor do que 32 cm ao nascer.
Esses
valores mudam no caso de prematuros, de acordo com o tempo de gestação em que
ocorre o parto.
Outro sinal
importante é que o cérebro das crianças portadoras de microcefalia geralmente
apresenta partes lisas, em vez de saliências e reentrâncias que lhe conferem a
aparência de uma noz, o que pode ser determinado através do exame de Tomografia
Computadorizada de Crânio.
O nível
de comprometimento é variável e só é possível definir as consequências com o
passar do tempo onde pode-se identificar:
Ø
déficit
cognitivo;
Ø
comprometimento
visual, auditivo e da fala;
Ø
alterações
ponderais (baixo peso e nanismo);
Ø
convulsões.
As
alterações anatômicas que podem ser identificadas estão nitidamente
relacionadas às deformidades craniofaciais, uma vez que existe um desequilíbrio
entre o crescimento facial, que se desenvolve normalmente e o craniano.
Como
consequência, eles apresentam cabeça pequena, com o couro cabeludo solto e meio
enrugado, testa curta e projetada para trás, face e orelhas
desproporcionalmente grandes.
DIAGNÓSTICO:
O
diagnóstico pode ser realizado durante o pré-natal
bem sucedido, através de ultrassonografia e logo na primeira avaliação pelo
pediatra no pós-parto e na primeira avaliação detalhada no recém-nascido, que
ocorre no berçário, com o intuito de busca de evidências de qualquer anomalia
congênita, nas primeiras 24h.
TRATAMENTO:
A microcefalia não tem cura.
O
objetivo maior do tratamento é controlar as complicações, estimular o
desenvolvimento neuro-psico-motor e as potenciais habilidades de modo
individual.
Necessário
o apoio de uma equipe multidisciplinar formada por médicos de diferentes
especialidades, dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas
ocupacionais.
ZIKA VÍRUS
Na última
semana de Novembro, o Instituto Evandro Chagas confirmou a presença do vírus em
uma criança no Ceará, que nasceu com microcefalia e outras alterações
congênitas e morreu com suspeita de dengue.
A partir
daí oficializou-se a relação entre a microcefalia e o vírus Zika.
O vírus
atravessa a barreira placentária e compromete o cérebro do feto, sendo o
período de maior risco, o primeiro trimestre da gestação.
A partir de hoje, toda gestante que apresentar os
mesmos sintomas da dengue devem entrar no rol de suspeita de infecção pelo Zika
(febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, vermelhidão no corpo, irritação nos
olhos que possa ser conjuntivite, diarreia e mal-estar generalizado).
Esse
vírus chama-se Zika porque foi identificado pela primeira vez numa floresta da
Uganda, na África, na década de 1940 e foi isolado em seres humanos na década
de 1960.
Estrutura do Zika vírus
Suspeita-se
que tenha chegado ao Brasil em 2014 pelo grande trânsito de turistas ocasionado
pela Copa do Mundo de futebol.
O vírus é
transmitido pelo moquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue, a
febre amarela e a febre chikungunya.
Outra
morbidade que está relacionada ao Zika vírus, é a Síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune que
provoca fraqueza muscular generalizada e paralisia segmentares
Não existe vacina contra a doença,que é de
notificação compulsória.
A única
forma de prevenção é combater os focos do mosquito Aedes aegypti, típico das
regiões urbanas de clima tropical e subtropical, e que ataca principalmente nos
períodos de muito calor e chuva, pela manhã e ao entardecer.
Detalhe é que existe enorme probabilidade de
proliferação do vírus nessa estação do ano, ou seja de Dezembro de 2015 a Maio
de 2016.
Como nas
outras viroses, o tratamento visa ao alívio dos sintomas com analgésicos,
anti-inflamatórios não-esteroides e antitérmicos que não contenham ácido
acetilsalícico. É muito importante manter o paciente bem hidratado e procurar
um médico para assim que os primeiros sintomas se manifestarem.